Catopezera: o som das cores

O universo visual desta exposição de Monica Mendes dialoga com as festas de agosto de Montes Claros. MG, celebrações religiosas de origem católica realizadas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, a São Benedito e ao Divino Espírito Santo que se mesclam com influências indígenas e negras.

Em um universo de missas, rezas e levantamento de mastros, grupos tradicionais de danças de Catopês, Marujadas e Caboclinhos realizam cortejos com jovens da comunidade caracterizados como príncipes e princesas, mantendo viva a cultura local, que é assim transmitida entre as gerações.

A artista visual instaura uma relação entre a musicalidade das festas populares e as cores que a integram. As penas dos cocares, as tonalidades das fitas e a indumentária dos participantes se integram em uma única atmosfera. Monica Mendes promove assim diálogos entre a expressão multilinguística das festas tradicionais e as formas, texturas e cores próprias do pictórico.

A harmonia e o equilíbrio que a artista alcança permitem que sejam ouvidos os sons das cores. Sente-se assim aquilo que ocorre nas manifestações populares em termos de movimento dos personagens, do modo que ocupam o espaço e das melodias que emitem. Instaura-se um mundo mágico, em que as cores ganham sons; e os sons se multiplicam em cores.

 

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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